Motorista de ônibus enfrenta o câncer com fé e coragem: “A mulher é muito forte”

20/10/2025

Durante o Outubro Rosa, a Rádio Ônibus conversou com Tânia, mais conhecida nas redes como Tham Duda, uma motorista de ônibus que vem enfrentando o câncer de mama com coragem, fé e muito bom humor.

Tânia contou que o diagnóstico foi um dos momentos mais difíceis da vida. "Fiquei sem chão", relembra. Ela teve de passar por uma cirurgia de retirada total da mama esquerda, seguida da reconstrução com prótese de silicone, um processo delicado que durou várias horas. Mesmo assim, a motorista não perdeu o sorriso: "Graças a Deus estou bem pra contar isso. A fé é o meu combustível."

Durante o tratamento, Tham Duda viu nas redes sociais uma forma de transformar sua dor em força para outras mulheres. "Eu pensei: não vou ficar em casa chorando. Vou usar isso para o bem." Suas postagens inspiraram muitas seguidoras a fazerem exames e buscarem o diagnóstico precoce, o que ela considera sua maior vitória.

A motorista também falou sobre o apoio da família, especialmente dos filhos — um deles chegou a raspar a cabeça em solidariedade à mãe. "Foram 10 pessoas que ficaram carecas comigo. Me senti acolhida, amada. Foi lindo demais."

Mesmo diante dos efeitos da quimioterapia, Tânia mantém o bom humor. "Eu achei que ia ficar feia careca, mas até que fiquei bonitinha. A gente tem que rir. Se for pra chorar, a gente enlouquece."

Hoje, ela segue em tratamento e acredita na cura. "Meu tratamento vai até janeiro e eu sei que vou voltar a dirigir o que eu amo."

Em sua mensagem final, ela deixou um recado direto para as mulheres que estão nas estradas, atrás do volante ou cuidando da casa:

"Se cuidem, se toquem, se amem. A vida é o nosso bem mais precioso. Descobrir cedo faz toda a diferença."

Tânia, a Tham Duda, segue compartilhando sua rotina e mensagens de fé em suas redes sociais — e promete em breve voltar à boleia, com os cabelos crescendo e o coração cheio de gratidão.



Câncer de mama: 10% dos casos têm origem hereditária

Parentes de diagnosticados têm até 50% de chances de herdar mutação


Cerca de 10% dos casos de câncer de mama têm origem hereditária. No Brasil, isso representa mais de 7 mil novos diagnósticos por ano. Cada paciente com câncer de mama pode ter parentes com até 50% de chance de herdar a mutação.

Para alertar sobre esses casos, durante a campanha do Outubro Rosa, a Sociedade Brasileira de Mastologia do Rio de Janeiro reforça a importância do acompanhamento prévio e da detecção precoce.

A presidente da sociedade, a médica Maria Júlia Calas, afirma que buscar um oncologista o quanto antes pode aumentar as chances de prevenção.

"Se você tem histórico familiar de câncer, especialmente em casos diagnosticados em idade jovem, em homens ou se há vários casos em uma mesma família, procure um oncogeneticista. Converse sobre a possibilidade de realizar um teste genético. Tire suas dúvidas. Fale com um mastologista, mas não espere os sintomas aparecerem. E quanto mais cedo esse risco for identificado, maiores são as chances de prevenção ou de tratamento em fase inicial."


A presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia ainda destaca o pioneirismo da capital fluminense ao se tornar a primeira cidade do mundo a oficializar uma data dedicada exclusivamente ao tema: 21 de outubro é o Dia de Conscientização do Câncer de Mama Hereditário.

"Ela reforça o reconhecimento da oncogenética como uma área essencial da medicina, hoje oficialmente reconhecida no Brasil, e nos permite oferecer um cuidado mais individualizado, mais humano, mais eficiente às pessoas com essa predisposição genética. Mas na prática, o que é que isso tudo significa? Significa que hoje estamos com ferramentas poderosas. Temos testes genéticos acessíveis, um acompanhamento especializado, um rastreamento individual individualizado do tipo de câncer específico, tratamentos preventivos e medicamentos específicos."

Entre os sinais de alerta para uma investigação genética estão câncer de mama diagnosticado antes dos 40 anos; tumores bilaterais; múltiplos casos em uma mesma família e a presença de câncer de mama em homens.


Edição: Vitória Elizabeth / Raíssa Saraiva 

Rádio Agência