Falência da fiscalização e fadiga de motoristas agravam tragédias nas estradas, diz especialista

20/10/2025

Durante sua participação na Rádio Ônibus, o especialista em segurança viária Rodolfo Rizzotto, do portal Estradas.com.br, fez um alerta contundente após mais uma tragédia nas rodovias brasileiras — um acidente com 17 mortos e 11 feridos em uma viagem entre Bahia e Pernambuco.

Segundo Rizzotto, situações como essa não devem ser tratadas como "acidentes", mas sim como fatos previsíveis, resultado de falhas de fiscalização, excesso de jornada dos motoristas, fadiga, má manutenção e excesso de peso nos veículos.

Ele destacou que o desmonte da fiscalização da ANTT e da Polícia Rodoviária Federal agravou o cenário, permitindo que empresas irregulares e viagens clandestinas proliferem sem controle. "O motorista que descansa dentro do ônibus não está descansando — ele continua à disposição da empresa", enfatizou.

Rizzotto também chamou atenção para a falta do uso do cinto de segurança, apontando que muitos passageiros foram arremessados para fora do veículo. "As cenas de mutilações mostram o quanto a segurança básica é negligenciada", lamentou.

Outro ponto crítico levantado foi a concorrência desleal entre empresas regulares e o transporte clandestino via aplicativos, que vendem passagens a baixo custo sem qualquer garantia de segurança. "Essas plataformas se isentam da responsabilidade no momento do acidente, mas lucram com a viagem", alertou.

O especialista ainda criticou a falta de prioridade histórica do poder público com a segurança viária. "Nos últimos 15 anos, o Brasil registrou mais de 560 mil mortes no trânsito. Nenhum governo tratou o tema como prioridade. Estamos formando uma geração de inválidos, com alto custo humano e econômico."

Para Rizzotto, é urgente retomar a fiscalização e punir com rigor. "Enquanto não houver punição e controle, continuaremos apenas coletando corpos. São vidas, nomes, famílias. Não são números."