

O planejamento estratégico nos transportes coletivos


O Planejamento Estratégico é um processo fundamental para o sucesso
de uma organização, pois determina o rumo que a instituição, entidade
ou empresa deve adotar para alcançar seus objetivos, nos médio e longo
prazos. É como um mapa que orienta os rumos e os caminhos a serem
seguidos, desde a escolha da missão, da visão, dos valores e dos
objetivos estratégicos, até a criação de um plano de ação, com as metas
estabelecidas para cada projeto ou atividade a ser desenvolvida.
O planejamento estratégico também pode ser definido como um método
estruturado que estabelece a razão de existir da empresa, a forma como
ela quer ser percebida e reconhecida no futuro, as crenças e os
princípios que devem ser observados no processo de tomada de
decisões, com vistas à obtenção dos melhores resultados para cada
projeto.
A avaliação dos pontos fortes (strengths), dos pontos fracos
(weaknesses), das oportunidades (opportunities) e das ameaças
(threats), do ambiente interno e externo da empresa, também conhecido
como matriz SWOT, é ferramenta simples e extremamente importante
para a definição dos objetivos e das soluções que a empresa quer
alcançar, nas suas diferentes áreas de atuação.
Ademais, o planejamento estratégico auxilia na seleção das prioridades
da organização, garantindo que os recursos humanos e materiais sejam
alocados de forma eficiente e eficaz, alinhando a equipe em torno de
objetivos comuns. Permite, ainda, o enfrentamento dos desafios e o
aproveitamento das oportunidades, otimizando os esforços a serem
empreendidos na execução dos projetos.
A partir dos princípios preliminares, os objetivos estratégicos e o plano de
ação podem ser estabelecidos, com o detalhamento de todas as
atividades que devem ser implementadas e a designação dos
responsáveis pela condução dos trabalhos a serem desenvolvidos. O
monitoramento e a avaliação periódica, bem como os ajustes
necessários são pontos importantíssimos desse processo dinâmico e
contínuo.
Segundo Peter Ferdinand Drucker (1909–2005), professor da
Universidade de Nova York, de 1950 a 1971, e da Escola de Pós-
Graduação Claremont, na Califórnia, de 1971 a 2005, também
considerado o pai da administração moderna, "o planejamento não diz
respeito às decisões futuras; mas, às implicações futuras das decisões
presentes". Essa citação enfatiza que o planejamento deve focar na
análise das consequências futuras das decisões atuais, e não apenas
nas decisões futuras que devem orientar os caminhos a serem seguidos
pela organização. As ideias de Peter Drucker revolucionaram a forma
como as empresas são gerenciadas e influenciam, até os dias atuais, o
pensamento administrativo.
A grande maioria das empresas operadoras do transporte coletivo
urbano de passageiros não tem a cultura de utilizar o planejamento
estratégico como um processo trivial para auxiliar na tomada de decisões
e na definição dos projetos que devem ser empreendidos para garantir a
sustentabilidade da empresa e para cumprir, com objetividade e
racionalidade, o escopo dos contratos de concessão ou de permissão.
É bem verdade que boa parte dos processos licitatórios, que geram
esses contratos, inclui índices de desempenho operacional e parâmetros
de qualidade dos serviços a serem prestados como exigências
contratuais, sem, no entanto, definir requisitos relacionados à gestão das
empresas ou mesmo às questões básicas do planejamento estratégico,
tais como valores, propósito, missão ou visão da organização.
Com estruturas gerenciais bem simples e enxutas, as empresas
operadoras dividem suas áreas organizacionais, normalmente, em
operação, manutenção e administração geral, para cuidar do tráfego, da
conservação dos veículos e das instalações, bem como dos serviços de
apoio, incluindo recursos humanos, suprimento, finanças, entre outras.
Pelas características dos contratos e dos serviços prestados, as
empresas operadoras de transporte público se ocupam de tarefas mais
rotineiras, que exigem pouca maleabilidade e quase nenhuma inovação.
Salvo raras exceções, elas não têm o hábito de planejar as suas
atividades empresariais, seja na realização da operação cotidiana, no
relacionamento com clientes ou mesmo no desenvolvimento de novos
negócios.
Por outro lado, boa parte das entidades de classe – associações,
sindicatos patronais e federações –, que congrega as empresas
operadoras do transporte coletivo, consegue suprir essa lacuna de suas
associadas e utiliza o planejamento estratégico para definir a sua
atuação principal, como órgão de representação do setor. É bem comum
encontrar, no material de divulgação e nos sites dessas organizações, a
definição dos elementos básicos desse tipo de abordagem.
A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU),
por exemplo, passa por processo de revisão de seu propósito, bem como
de sua visão, missão e valores. Essa revisão será essencial para a
definição de seus objetivos estratégicos e, na sequência, de seu plano de
trabalho, contendo as iniciativas necessárias ao cumprimento do seu
papel institucional, em consonância com os resultados estabelecidos
pela alta administração.
A nova visão da NTU deverá considerar a reconquista do protagonismo
do transporte público coletivo na mobilidade urbana brasileira, com mais
investimentos, qualidade de serviço, sustentabilidade econômica e
reconhecimento público do seu valor estratégico para o País. Nesse
mesmo diapasão, a nova missão da Entidade deverá estabelecer que o
seu propósito fundamental deve ser o de liderar, representar e articular
os operadores do transporte público coletivo, em âmbito nacional,
promovendo políticas, projetos e parcerias que valorizem o transporte
coletivo como pilar essencial da mobilidade para as cidades.
A partir dessas reformulações e da análise da matriz SWOT, a NTU está
definindo seus principais objetivos estratégicos com foco no papel a ser
desempenhado pela entidade no restabelecimento do equilíbrio
econômico-financeiro dos contratos de concessão, na obtenção do
reconhecimento público pelo seu valor estratégico, no fortalecimento das
suas relações institucionais, na ampliação da financiabilidade das
empresas e dos serviços, na disponibilização da base de conhecimento
existente, no desenvolvimento de estudos técnicos sobre as inovações
do setor, na melhoria do seu sistema de comunicação com a sociedade,
entidades congêneres e suas associadas e na preparação da associação
para a condução das iniciativas necessárias ao cumprimento das metas
estabelecidas.
Em síntese, os objetivos estratégicos deverão gerar projetos e ações
para melhorar o deslocamento das pessoas, aumentando a oferta de
lugares e a qualidade dos serviços prestados à população. Por outro
lado, é imprescindível melhorar a financiabilidade do setor, com a criação
de novas linhas de crédito e de novas condições de financiamento para
os investimentos necessários na melhoria da infraestrutura – corredores,
terminais, estações de embarque, abrigos, pontos de parada etc. – e
para a renovação da frota nacional.
Além disso, é preciso considerar a necessidade de recursos específicos
para o custeio da operação, bem como a utilização de veículos mais
modernos e menos poluentes, produzindo serviços com remuneração
justa e adequada, operando com tarifas módicas e mais acessíveis a
todos os segmentos da sociedade.
Utilizar o planejamento estratégico, como requisito da administração
moderna, não deve ser apenas uma possibilidade ou uma opção de
trabalho, mas a condição essencial para que a NTU cumpra o seu papel
e lidere, de fato, suas empresas associadas e suas entidades filiadas.


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