

Mulheres ao volante: o exemplo de superação e paixão pelos ônibus.
Na edição de Campinas da BBF, profissional conta como superou desafios em um setor majoritariamente masculino e defende mais espaço e estrutura para mulheres no transporte coletivo.


Na movimentada edição 2025 da BBF (BUS BRASIL FEST), realizada em Campinas, o estúdio móvel da Rádio Ônibus recebeu uma convidada especial que emocionou o público com sua história. Conhecida como Ju, a instrutora e motorista dividiu com os ouvintes e visitantes da feira um relato de superação, paixão pelos ônibus e resistência em um setor ainda dominado por homens.

A relação de Ju com o transporte coletivo começou cedo, nos anos 1990, quando seu pai entrou no ramo com ônibus alternativos, em meio a uma greve que afetou o transporte público. Desde os 12 anos, ela já acompanhava a rotina como cobradora, convivendo com o universo dos ônibus dentro de casa. Apesar de se afastar temporariamente para cuidar da família, o retorno foi inevitável — e cheio de coragem.
"Mesmo com a carteira de habilitação categoria D, eu nunca tinha atuado como motorista. Treinei no bairro com o ônibus da família, sem muita experiência, mas com muita vontade de fazer acontecer", contou Ju.
O ambiente que encontrou ao assumir o volante, no entanto, estava longe de ser acolhedor. A falta de infraestrutura para mulheres — como banheiros adequados — e a cultura masculina predominante exigiram ainda mais força e determinação. Ainda assim, ela seguiu adiante e se tornou referência dentro e fora da empresa.
Ju também participa do projeto "Ela Conduz", uma iniciativa que visa incentivar a contratação e valorização de mulheres em diferentes áreas do transporte coletivo, especialmente como motoristas. "Não queremos ser melhores ou ter vantagem sobre os homens. Queremos igualdade. Mas é preciso ter um olhar mais humano, entender que há necessidades específicas e que o ambiente de trabalho precisa ser mais acolhedor", ressaltou.
Além de atuar como motorista, Ju também colabora na formação e adaptação de novos profissionais, especialmente aqueles que vêm de empresas com culturas diferentes. "Muitos motoristas vêm de lugares onde há uma cobrança excessiva. Nós reforçamos que segurança vem em primeiro lugar. Transportamos vidas, famílias e sonhos", afirmou.
Entre histórias marcantes, ela lembra com carinho das passageiras que a reconheceram anos depois, ao voltar a trabalhar na mesma linha. "Elas me chamavam de 'loira' e guardaram esse apelido até hoje. Isso mostra como o transporte também é feito de laços e memórias."
A participação de Ju na BBF 2025 edição Campinas reforça a importância de dar voz às mulheres que fazem a diferença no setor e mostra que há espaço — e necessidade — de mais iniciativas que promovam a equidade, o respeito e o reconhecimento de profissionais como ela.


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